Críticas à Justiça por recomendar "métodos de tortura".

Estudantes protestaram contra as operações policiais ocorridas na semana passada durante o movimento de Ocupação das Escolas do DF e defenderam a continuidade das ocupações. O protesto ocorreu durante audiência pública, convocada pela Liderança do PT, no plenário na tarde desta segunda-feira (7), para debater a PEC 241 e as ações policiais. O deputado Wasny de Roure (PT) mediou as discussões, em que participaram estudantes, pais de alunos, professores, advogados, conselheiros tutelares, secretários de governo e parlamentares.

A presidente da União dos Estudantes Secundaristas do DF, Thays de Oliveira, disse que a PEC representa "o retrocesso e o desmonte da educação pública". Thais protestou também contra as decisões judiciais e do Ministério Público do DF e Territórios, que autorizaram a desocupação. "Os mandantes do golpe político midiático do País querem criminalizar a juventude ao culpar os alunos pela não realização do Enem", afirmou.

Deixar os estudantes sem acesso à comida e submetidos ao som de buzinas durante a noite, medidas determinadas pela justiça, são métodos de tortura, de acordo com os alunos e pais de alunos que se manifestaram em plenário. "São inadequadas as ações do Ministério Público e de juízes que permitiram esses métodos de tortura", declarou o estudante de Direito da Universidade de Brasília (UnB), Miguel Novaes, que participa da ocupação da reitoria da UnB. Também o Sindicato dos Professores faz parte do comitê de solidariedade de Ocupação das Escolas, segundo o diretor do Sinpro/DF, Gabriel Magno.

"O golpe se traduziu na repressão aos estudantes", para o deputado Chico Vigilante (PT). A mesma opinião manifestou o deputado Ricardo Vale (PT), que criticou a "ação truculenta da polícia", a qual "antes de levar o aparato às escolas, deveria ter tentado negociar com os participantes do movimento", disse. Segundo a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), "a PEC 241 é o AI-5 do golpe, porque os corruptos que ocupam o Planalto querem uma educação com burcas e mordaças". Para Érika, os estudantes do Ocupa participam de um momento histórico de defesa da democracia. 

Determinação judicial – O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Marcos Antônio de Oliveira, alegou que a polícia agiu em cumprimento de determinações judiciais. "Não estamos em lado opostos, mas em busca da consolidação da democracia porque o estado democrático de direito é uma conquista de todos nós", argumentou a secretária de Segurança Pública e Paz Social do DF, Márcia Araújo. Ela disse que não houve uso ostensivo da força, mas garantiu que as denúncias de excessos vão ser apuradas pela Secretaria.

GT - Segundo Wasny de Roure, um Grupo de Trabalho (GT), constituído por participantes da audiência, continuará no acompanhamento do movimento de Ocupações nas Escolas sob a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa. 

Franci Moraes - Coordenadoria de Comunicação Social