Nível chegou a 32,53% na tarde desta sexta, o mais alto desde outubro; zona ainda é considerada ‘crítica’. Santa Maria também teve alta; medidas de ‘economia forçada’ não têm prazo para acabar.

Por Mateus Rodrigues, G1 DF – As chuvas fortes que atingiram o Distrito Federal, aliadas ao regime de racionamento de água imposto desde 16 de janeiro, ajudaram o reservatório do Descoberto a exibir uma recuperação rápida na última semana. Entre o dia 3 e esta sexta (10), o volume útil da bacia passou de 23,99% para 32,52% – uma alta de 8,53 pontos percentuais.

É como se, para cada 3 litros que já estavam no reservatório, um novo litro de água fosse acrescentado. Com isso, o Descoberto voltou a registrar nível acima de 30% pela primeira vez desde o dia 12 de outubro. Antes dessa temporada, que durou quase quatro meses, o tanque nunca tinha cruzado essa barreira.

Apesar desse cenário positivo, a rede de abastecimento do DF precisa de muito mais para sair da crise. Até alcançar o patamar de 40%, o Descoberto segue no “estado de alerta”. A zona de perigo só acaba no índice de 60%, “abandonado” pelos dois maiores reservatórios ainda em agosto.

Santa Maria

O nível do reservatório de Santa Maria também é monitorado com atenção pelo governo. A situação por lá é menos grave, mas também registrou os piores índices da história nos últimos meses. Entre os dias 3 e 10, o volume de água passou de 39,96% para 43,03%.

A bacia de Santa Maria atende as regiões centrais do DF, incluindo áreas como Plano Piloto, Noroeste, Sudoeste, Jardim Botânico, Paranoá, Itapoã, Lago Sul e Lago Norte. Somados, o Descoberto e o Santa Maria abastecem 85% da população da capital.

Os outros 15% são atendidos pelos chamados “sistemas isolados”, que se baseiam no fluxo de água de córregos e rios que cortam o DF. A lista inclui Brazlândia, Sobradinho e Sobradinho II, Planaltina e São Sebastião – nestas áreas, chegou a faltar água por cerca de duas semanas.

No último dia 30, a Caesb deu início à diminuição da pressão nas redes abastecidas pelo Santa Maria. Com a mudança, a água vai chegar “mais fraca” nas torneias e nos chuveiros das casas dessas regiões. Segundo a Caesb, a expectativa é de redução de 3% a 5% no consumo. Não há data para suspensão da medida.

Taxa extra

Além do racionamento na área do Descoberto e da redução de pressão na região do Santa Maria, todo o DF está sujeito a uma tarifa extra nas contas de água e esgoto desde dezembro. No primeiro mês, a taxa rendeu R$ 2,47 milhões aos cofres públicos.

De acordo com a Caesb, 112 mil contas foram atingidas pela cobrança adicional, que continuará em vigor por tempo indeterminado. A lista de imóveis afetados varia a cada mês, e quem não foi taxado em dezembro poderá receber a cobrança se ultrapassar o limite de consumo nos meses seguintes.

Responsável pelo abastecimento de água e pela coleta de esgoto, a Caesb afirma que os R$ 2,47 milhões estão em uma conta separada, e ainda não começaram a ser utilizados. Para mexer nesse montante, a companhia precisa pedir autorização à Agência Reguladora de Águas, Esgoto e Saneamento do DF (Adasa).