Proposta prega responsabilidade por parte dos cidadãos.

O ciclo de palestras "Diálogos Inspiradores" recebeu, nesta quinta-feira (26), três especialistas do chamado programa lixo zero, que envolve experiências de conscientização e reorientação sobre o manejo do lixo em diversas cidades do mundo. Fundador do Instituto Lixo Zero, Rodrigo Sabatini apresentou as metas do programa e fez provocações ao modo como o cidadão comum lida com o lixo. "Nosso objetivo é construir uma comunidade lixo zero, algo que não será alcançado imediatamente, mas que já podemos estabelecer como meta. Hoje, o cidadão junta todo o lixo em um saco preto e larga na rua para se livrar do problema. Precisamos educar as pessoas para que entendam que lixo não é resíduo, lixo é cidadania", observou.

Sabatini lembrou que a participação do consumidor é fundamental para uma política de lixo zero. "Se fui ao supermercado escolher produtos na prateleira e depois os carreguei até a minha casa e os organizei lá, por que devolvo tudo misturado e sujo para alguém separar? Na Itália, por exemplo, a população foi educada a separar todo seu lixo e isso já funciona integralmente em mais de 200 cidades", afirmou. Sabatini também destacou experiências positivas no Brasil, como na cidade de Florianópolis (SC). "Lá já existem 14 supermercados dentro do programa, além de restaurantes, escolas e outros estabelecimentos. Foi criado um ambiente de inovação que vem gerando empresas startups, como a que criou o copo ecológico, reduzindo enormemente o uso de copos descartáveis na cidade", disse.

O sueco Pal Martensson, da organizaçao Zero Waste Europe, foi o segundo especialista a contribuir para o debate. Martensson ressaltou a força coletiva dos consumidores para exigir das indústrias produtos ecologicamente corretos. "Na Itália, os consumidores pressionaram e a indústria passou a trocar a cápsula de café de plástico por uma biodegradável. Se você quer salvar o mundo, precisa começar de alguma forma", afirmou.

Já a americana Leslie Lukacs, da organização Zero Waste International apresentou os resultados alcançados no estado norte-americano da Califórnia. "Todas as grandes cidades da Califórnia têm planos de lixo zero. Em todo o estado, é obrigatório por lei que toda empresa faça sua própria compostagem. Dessa maneira, 75% do lixo não segue para os aterros, o que geraria metano altamente poluente para a atmosfera". Lukacs também destacou que a aplicação de compostagem na lavoura funciona melhor que fertilizantes químicos e favorece a retenção de água pelo solo.

Ao final do debate, foi anunciada a realização de um evento sobre lixo zero em Brasília nos dias 15, 16 e 17 de maio de 2018. O ciclo de palestras "Diálogos Inspiradores" conta com a mediação do jornalista Estevão Damázio e é uma iniciativa da Câmara Legislativa do Distrito Federal.