Bacia chegou aos 11% e 'encostou' na curva projetada pela Adasa; se cair mais, GDF pode elevar restrições. Caesb já estrutura racionamento de dois dias; chuva só deve aliviar situação em novembro.

Por Mateus Rodrigues, G1 DF

Gráfico mostra que nível real da barragem do Descoberto (em azul claro) 'encontrou' meta da Caesb (azul escuro) nesta quarta (Foto: Adasa/Reprodução)

O nível de água na bacia do Descoberto, principal reservatório do Distrito Federal, deve ficar abaixo da curva de monitoramento do governo pela primeira vez nesta quinta-feira (19). Nesta quarta (18), a bacia operava com 11% da capacidade total – exatamente o valor previsto na curva de acompanhamento.

Foi a primeira vez, desde maio, que a medição real no reservatório se igualou à previsão da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa). Como a previsão de 11% é a mesma para esta quinta, a meta só seria respeitada se o reservatório ficasse estável. Desde o fim das chuvas, em maio, isso só aconteceu uma vez, no último dia 3.

Barragem do Descoberto, no DF, com 11,7% da capacidade preenchida, em outubro (Foto: Pedro Ventura/GDF/Reprodução)

As curvas de acompanhamento da Adasa correspondem na prática ao "pior cenário", e funcionam como um sinal de alerta. Ao divulgar as estimativas da agência, o diretor-presidente Paulo Salles informou que, se a meta fosse descumprida, havia possibilidade de reduzir o ritmo de captação de água pela Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb).

Para isso, é preciso que a Adasa publique uma portaria – não há data prevista para isso, até o momento.

No outro reservatório de grande abrangência, o do sistema Santa Maria/Torto, a situação também inspira preocupação. A curva de nível estabelecida pela Adasa prevê meta mínima de 24% até esta quinta, e de 23% no fim do mês. Nesta quarta, a bacia operava com 25,5% da capacidade.

No caminho da restrição

Nesta quarta, a Caesb informou ao G1 que já há um plano estruturado para ampliar, para dois dias consecutivos, o racionamento de água. A definição de uma data também depende do nível dos reservatórios.

Segundo o presidente da companhia, Maurício Luduvice, a Caesb está "preocupada" com os atuais níveis dos reservatórios da capital. Na entrevista, ele citou o limite de 9% da bacia do Descoberto – o mais baixo de todas as curvas de nível, e previsto apenas para a última semana de estiagem.

"[A linha de ] 9% é um limite preocupante. Essa é previsão para o fim do mês, mas já chegamos no meio do mês com um nível alarmante", afirmou Luduvice, em entrevista ao G1.

Segundo as projeções da Adasa, o reservatório do Descoberto deve amargar esses 9% entre os dias 26 de outubro e 7 de novembro. Depois, se as chuvas corresponderem à esperança dos moradores do DF, o reservatório ganha força e fecha 2017 na casa dos 17%.

Margem da barragem do Descoberto com 11,7% de água, em imagem da última terça (16) (Foto: Pedro Ventura/GDF/Divulgação)