Uma veterinária e a proprietária de uma reserva ecológica de Cavalcante (GO) estão na instituição para alinhar protocolos de socorro a animais feridos.

Duas voluntárias que atuam no combate ao incêndio na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, ficarão de hoje até domingo (29) na Fundação Jardim Zoológico de Brasília para aprender protocolos a serem seguidos quando houver necessidade de socorro a animais feridos.Victória Varela (camiseta preta), de 26 anos, veterinária, e Nicolle Dallape (camiseta roxa), de 31 anos, proprietária da Reserva Bacupari, recebem instruções sobre como atender animais feridos no incêndio na Chapada dos Veadeiros. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

O treinamento é feito com animais do próprio zoo já em tratamento, como tamanduás, comuns na reserva atingida pelo incêndio. A ideia é que elas repassem o conhecimento a outras pessoas que atuam na área afetada pelo fogo.

Victória Varela, de 26 anos, é veterinária e tem mais experiência apenas com animais domésticos. Já Nicolle Dallape, de 31 anos, é proprietária da Reserva Bacupari, onde está montada uma das duas bases para receber bichos que precisarem de cuidados.

Elas acompanharão a rotina principalmente do hospital veterinário do Zoo, onde aprenderão sobre medicação, protocolo analgésico e receitas de alimentação para mamíferos, por exemplo.

“O nosso dia a dia aqui é com animais silvestres, o que vai ajudar muito elas”, resume a veterinária da fundação Fernanda Fontoura.

Victória explica que, apesar da capacitação, o socorro efetivo ainda não ocorreu, pois ainda não foram encontrados bichos feridos. Guias do local estão fazendo buscas em áreas mais prováveis do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. “Estamos em contato com as brigadas de incêndio e o que eles nos relatam é sobre muitos animais em fuga.”

A expectativa é que apareçam depois que o fogo estiver controlado e quando se sentirem seguros para voltar a seus locais de habitação e de reprodução.
“É preciso redobrar a atenção nas estradas, pois, como eles estarão fugindo, o risco de atropelamento aumenta muito”Gerson de Oliveira Norberto, diretor-presidente do Zoológico de Brasília

“É preciso redobrar a atenção nas estradas, pois, como eles estarão fugindo, o risco de atropelamento aumenta muito”, alerta o diretor-presidente do Zoológico de Brasília, Gerson de Oliveira Norberto. Ele integrou o grupo de profissionais da fundação que esteve na Chapada para socorrer animais feridos e que voltou para Brasília na quarta-feira (25).

Durante a estadia na Chapada, a equipe capacitou mais de 60 voluntários sobre manejos de animais silvestres e participou da articulação de uma rede de cuidados para futuras demandas.

A ideia é que o Zoológico de Brasília receba casos mais graves, que não consigam ser resolvidos por lá. “Hoje, qualquer animal que precisar de socorro já tem um fluxo para ser atendido”, explica Norberto.

Grupos de profissionais da fundação também estão disponíveis para voltar à região caso haja necessidade.
Doações serão enviadas na sexta (27)

Na sexta-feira (27), o diretor levará às bases de apoio o que foi recebido de doações no zoológico, como medicamentos e insumos. Os alimentos foram encaminhados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O incêndio, que já é o maior da história do parque, surgiu em 10 de outubro e recomeçou no dia 17. Mais de 60 mil hectares foram atingidos.

Na quarta, o secretário do Meio Ambiente, André Lima, acompanhou o ministro do Meio Ambiente, Marcelo Cruz, e o presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski, em um sobrevoo na região.

Além do apoio do Zoológico, o governo de Brasília cedeu 25 bombeiros militares à Chapada. Um helicóptero e um avião do Batalhão de Operações Aéreas também foram enviados, além de três viaturas de combate a incêndio.

O ICMBio trabalha com a hipótese de o fogo ter sido intencional ou, mesmo, criminoso, uma vez que o período para ocorrência de incêndios naturais já havia passado quando surgiram os primeiros focos no dia 10.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, entre os municípios de Alto Paraíso, Cavalcante e Colinas do Sul, tem 240.586,56 hectares e foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2001.