Isabela é cadeirante e diz 'sentir na pele' situação dos acolhidos. Iniciativa arrecadou R$ 1,5 mil para instituição em Ceilândia.

Por Marília Marques, G1 DF

Estudante Isabela Medesser, de 20 anos, durante festa solidária em abrigo (Foto: Arquivo Pessoal)

Vítima de dois erros médicos que a deixaram sem o movimento das pernas, a brasiliense Isabela Messeder, de 20 anos, decidiu usar a própria situação a favor do próximo. A estudante que diz "sentir na pele" as consequências de uma limitação, organizou, nesta sexta-feira (30), uma campanha solidária de Páscoa para os acolhidos no Abrigo dos Excepcionais de Ceilândia, no Distrito Federal.

A ação contou com a participação de mais 30 voluntários, que se vestiram de coelho da páscoa, levaram doces caseiros, lanches e muita descontração para os 50 acolhidos da instituição. A unidade abriga pessoas com algum tipo de deficiência física ou mental, e que, em sua maioria, foram abandonadas pelos familiares.

"Estou vivendo o que muitos deles passam: fiquei paralisada do peito para baixo", conta a estudante.

"Sinto na pele a situação e não acho justo que eles não tenham ninguém."

Ao todo, Isabela arrecadou R$ 1,5 mil, que foram também convertidos em fraldas e materiais doados à instituição. A quantia foi levantada com a venda de chocolates produzidos por ela mesma.

A confecção começou no ano passado, período em que a estudante passou em casa, após uma série de erros médicos que a deixaram sem os movimentos das pernas. Movida pela vontade de ajudar, Isabela começou fazendo os doces para agradar as visitas que recebia em casa e, em seguida, passou a vendê-los.

Quando surgiu a ideia para a ação voluntária, ela conta não ter negado nenhuma encomenda. "Virei a noite fazendo. Só pensava que não é justo ter um Estado que não pode prover estrutura a essas pessoas. Eu só queria ajudar."

Chocolates vendidos para arrecadar dinheiro para instituição (Foto: Arquivo Pessoal)

Erros médicos

Em 2016, após passar por uma cirurgia plástica, um erro na aplicação da anestesia local comprometeu a medula óssea da estudante. Dois meses depois, Isabela conta que um outro profissional também passou um cateter de modo equivocado – por um nervo –, que também limitou o movimento das pernas da estudante.

"Fico sensibilizada por saber o que acontece no outro lado. Comecei a ter mais empatia e ser mais solidária", conta. "Hoje eu quero viver pelos outros para ajudar fazer o que eu puder para ajudar, o que estiver ao meu alcance".

"Após tudo isso, a gente se torna mais sensível para os problemas dos outros."

Ações voluntárias

Apesar de ter intensificado as ações voluntárias após a internação, Isabela afirma que há muito tempo se dedica ao trabalho em prol de desconhecidos. A instituição em Ceilândia, segundo conta, foi escolhida a partir da indicação de amigos, e por reconhecer o "trabalho sério" do abrigo.

A entidade cuida dos excepcionais, fornece auxílio médico e social além de promover atividades para pessoas com algum tipo de deficiência. A visita pode ser agendada na própria instituição.

Serviço:

Abrigo dos Excepcionais de Ceilândia
Endereço: QNN 29, Módulo C, área especial, Ceilândia
Telefone para agendamento de visitas e entrega de doações: 3585-1905