Estudantes da UnB dizem que não há qualquer amparo para problemas de saúde mental. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

"Felicidade" entra na grade após estudo apontar que mais da metade dos estudantes apresenta sintomas de problemas como a depressão
Em meio à preocupação em torno da saúde mental da comunidade acadêmica, a Universidade de Brasília (UnB) começará neste semestre uma nova disciplina: “Felicidade”. O objetivo é proporcionar um espaço de vivências favoráveis e uma boa qualidade de vida no ambiente estudantil.

Nesta segunda-feira (23), o Jornal de Brasília mostrou que uma pesquisa realizada pela UnB aponta que mais da metade dos estudantes apresenta, diante da forte pressão sofrida, sintomas de problemas como a depressão. O estudo, obtido com exclusividade pelo JBr., foi feito após uma série de suicídios entre a comunidade acadêmica.

O idealizador da disciplina Felicidade é o professor do Departamento de Engenharia do campus Gama, Wander Pereira. Ele conta que a ideia foi incorporada com o intuito de aliviar a tensão do mundo acadêmico e tentar deixar os estudantes mais felizes. “As aulas vão levar em conta, principalmente, a vivência. A avaliação final vai ser um produto que traga felicidade, como peças, música, intervenção artística”, define.

Como na instituição há estudantes com a saúde mental fragilizada, ou até mesmo como depressão avançada, Pereira alerta que a ajuda profissional não pode ser descartada. “A principal ideia é de mostrar ou tentar entender como podemos ser felizes na UnB. E, também, o que fazer para evitar a infelicidade aqui”, explica.

Para os interessados, a matrícula não exige pré-requisito e a matéria será lecionada às terças e quintas-feiras no campus Gama. Ao todo, são 240 vagas. Dessas, 40 são para aqueles que fazem algum acompanhamento psicológico na UnB.

Pesquisa

Estudo inédito da recém-criada Comissão de Saúde Mental e obtido com exclusividade pelo Jornal de Brasília indica que mais da metade dos estudantes têm algum sintoma que poderia levar ao suicídio, e coordenadores não se sentem preparados para lidar com os problemas. A pesquisa foi realizada após casos serem registradas em ao menos cinco departamentos da instituição.

Carga horária pesada, ansiedade e dificuldade para dormir foram apontadas como situações frequentes aos pós-graduandos. Os discentes tiveram que classificar afirmações como “sempre”, “às vezes” e “nunca”. Alguns dos sintomas são classificados como fatores de risco de suicídio. Pior, 15% dos entrevistados disseram que pensam em se matar todos os dias. Outros, apontam o acesso a meios letais, abuso ou dependência de substâncias, descrédito de atenção profissional e dificuldade de acessos a atendimentos.

Fonte: Jornal de Brasília