Psicóloga e coordenadora do núcleo de psicologia do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE), Laura Pedrosa, alerta sobre os sinais e como buscar ajuda.

Caracterizada como uma forma de violência psicológica, o assédio moral no trabalho atinge milhares de pessoas todos os dias, trazendo consequências graves que se arrastam por toda a vida. Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o número de processos por esse tipo de denúncia, entre os anos de 2016 e 2017, foram de cerca de 400 mil ações. A principal característica do assédio moral é a repetitividade e sistemática dos atos violentos, por meio de palavras, gestos, indiferença, agressões, humilhações e similares que atinge a dignidade, autoestima e autorreferência da vítima. 

Tudo começa pela fragilidade e falta de confiança do próprio agressor. “Inicia pela dificuldade que denota o agressor em lidar com figuras de alteridade, da mais diversa ordem. Por exemplo: pessoas que possam ameaçar por sua competência um gestor, uma pessoa de orientação sexual homoafetiva, idosos, mulheres negras, pessoas com deficiência e doenças psíquicas. No ambiente competitivo do trabalho, é vulnerável pessoas com competência e comprometida com o trabalho que pode colocar em risco pessoas sem formação acadêmica ou titulação mais elevada e que ameaça cargos ou funções de chefia”, explica a psicóloga, professora e coordenadora do núcleo de pós-graduação em psicologia do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE), Laura Pedrosa. 

As situações mais comuns desse tipo de violência é o tipo vertical descendente, seguido do horizontal. No primeiro caso é o chefe assediando o seu subordinado e no segundo são os próprios colegas de trabalho que passam a destruir a saúde psicológica do seu companheiro de profissão. Há ainda o assédio misto, que segundo Laura é quando inicia por um gestor e é reproduzido pelos colegas, ou ainda quando a vítima vem sendo perseguida pelos colegas e o gestor também passa a persegui-lo. 

Outra situação é o assédio moral ascendente, que acontece com raridade, mas que pode ocorrer com maior frequência em empresa pública. Nesse caso, é o subordinado que passa a atentar contra o bem-estar do seu superior. “É comum quando o gestor assume um cargo de confiança sem a devida experiência e acaba sendo assediado por um subordinado que não legitima seu cargo”, esclarece a professora de psicologia do IDE, que tem doutorado em psicologia clínica e é especialista em saúde e segurança no trabalho. 

Existe também uma mais uma forma de assédio moral que ainda vem sendo estudada pelos especialistas da área, que é o tipo chamado de passivo ou de transferência, quando o assédio moral atinge não somente aquele para quem as palavras de dor são direcionadas. “Trata-se do sofrimento e adoecimento das pessoas que testemunham e não sabem como agir ou denunciar e acabam por desencadear reações similares às vítimas”, conta a psicóloga. 



SINTOMAS – Muitas vezes, as pessoas levam alguns sinais de assédio como brincadeira e acham que alguns comportamentos são normais em um ambiente de trabalho, mas é preciso ficar atento aos primeiros vestígios de que a descontração passou do ponto. “O principal sinal que a relação de trabalho não é saudável ou adequada é o desconforto e insatisfação corriqueira e recorrente da vítima. Ela tende a sentir-se desprestigiada, desrespeitada e insatisfeita. Em seguida, passa a ter receio do convívio com o agressor e chega a interferir em sua saúde, denotando sintomas de stress, ansiedade, melancolia e tristeza”, alerta a especialista. 

E os sintomas não param por aí. Eles aparecem também como problemas clínicos. “A vítima tem dificuldade em ir trabalhar, chega a sentir sintomas condizentes com stress ao chegar no trabalho, a exemplo de agressividade, irritabilidade, taquicardia e hipertensão arterial. Sua imunidade tende a reduzir e aparecem doenças oportunistas, como gripe, diarreia, vômitos e outras doenças psicossomáticas, a exemplo das doenças osteomusculares e até um diagnóstico de transtorno de adaptação, depressão, stress em nível elevado, depressão e transtornos de pânico”, exemplifica a professora de psicologia do IDE Laura Pedrosa. 

Assédio moral no trabalho deve ser denunciando 

O assédio moral dentro do ambiente de trabalho precisa ser um assunto discutido dentro das organizações para que seja evitado, mas se vier a acontecer os seus colaborados saibam onde encontrar ajuda e como denunciar. “O ideal é que a empresa mantenha ações preventivas e promova ações socioeducativas, visando a formação de seus gestores. Deve ter políticas de promoção de relações sócio-profissionais saudáveis”, aconselha a psicóloga Laura Pedrosa. 

“O importante é normatizar políticas éticas que repudiem toda e qualquer forma de violência no trabalho, com ênfase nos assédios moral e sexual. Criar canais de denúncia e garantir o sigilo das denúncias. É preciso investigar os casos e se confirmados, atuar, preparar os trabalhadores para reconhecer as violências e os meios de prevenção e enfrentamento delas”, instrui a coordenadora do núcleo de psicologia do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE). 

Quando o profissional não tem esse apoio dentro da empresa, pode-se procurar os órgãos competentes para que haja punição e o agressor não continue fazendo vítimas dentro do ambiente de trabalho. “O ideal é que o trabalhador lesado faça uma denúncia no Ministério Público do Trabalho. Caso não seja resolvido, deve-se ingressar com ação trabalhista na Justiça do Trabalho e buscar suporte psicossocial nos CAPS e demais órgãos de apoio ao trabalho, como o CEREST”, finaliza a especialista sobre onde encontrar ajuda. 

SOBRE O IDE – O Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE), desde 2006, é uma instituição especializada em cursos de extensão e pós-graduação na área de saúde, com mais de 120 cursos nas áreas de medicina, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, educação física, psicologia e fonoaudiologia. Com matriz no Recife e atuação no interior de Pernambuco, como Caruaru, Garanhuns e Petrolina, tem unidades também espalhas por vários estados do Norte e Nordeste, como Ceará, Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pará. Já formou mais de 5 mil alunos, sendo a maior estrutura física, administrativa e pedagógica do Nordeste voltada exclusivamente para cursos de pós-graduação em saúde.


Maíra Costa Passos.
Jornalista | DRT-PE 4365
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