Fernanda Pereira, estudante de direito na UnB, participou de encontro do G(irls) 20, grupo de jovens mulheres de todo o mundo que pretendem atuar como líderes em causas femininas.

Thays Martins*
Brasiliense, graduanda em direito na Universidade de Brasília (UnB) e cotista de escola pública: essa é Fernanda Pereira, 19 anos, representante brasileira no G(irls) 20. O projeto é uma iniciativa canadense e está na 9ª edição. O objetivo foi incentivar jovens garotas a assumirem o protagonismo feminino nas regiões delas, por meio de uma semana de treinamento. A edição deste ano ocorreu em Buenos Aires, Argentina, entre 14 e 19 de outubro. Ao fim das atividades, as 20 participantes, oriundas de várias partes do planeta, prepararam um documento com propostas para a igualdade de gêneros. Ele será entregue aos representantes do G20, grupo formado por mulhres representantes das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia.

Fernanda Pereira representou o Brasil: Quero dedicar minha carreira à questão de gênero 
Para que Fernanda pudesse participar, ela passou por uma longa seleção que incluiu entrevistas e testes. A jovem atribui a escolha dela pela atuação ativa pelos direitos das mulheres. Desde muito nova, o sonho dela é lutar por isso. “Eu sou comprometida com a questão de gênero e quero dedicar minha carreira a isso. Tentei transmitir isso para eles”, conta a estudante do 4° semestre de direito na UnB, que pretende ser gestora de políticas públicas ou professora de direito constitucional.

O comprometimento da universitária reverbera na participação em dois projetos de extensão da UnB. O primeiro é o Maria da Penha: atenção e proteção, da Faculdade de Direito (FD/UnB), que oferece atendimento jurídico e psicológico a mulheres vítimas de violência doméstica em Ceilândia. O segundo é o Escola de App: enfrentando a violência on-line contra meninas, da Faculdade de Comunicação (FAC/UnB), que propõe discutir a prevenção de crimes no ambiente digital, como evitá-los e o que as vítimas devem fazer para denunciá-los. Além disso, elas promovem oficinas para o desenvolvimento de aplicativos para telefone em escolas públicas de ensino médio.

Diferentes realidades

Para Fernanda Pereira, a visita à Argentina foi muito mais do que a primeira viagem internacional. Foi, antes de tudo, a oportunidade de aprender mais sobre a luta por direitos iguais. “Conhecer tantas mulheres que têm mais ou menos os mesmos ideais que você te dá uma esperança. Foi um momento para respirar e notar que o mundo se importa com isso”, destaca. Na bagagem, ela trouxe novos conhecimentos úteis à carreira futura. “A ideia deles é formar jovens mulheres líderes. Participei de uma série de workshops, aprendi como fazer uma palestra, como fazer um planejamento estratégico. Eles nos incentivam a desenvolver iniciativas locais”, explica.

“Lá, encontrei mulheres com diferentes realidades e origens da minha. Foi um exercício ótimo para nos fazer reconhecer a peculiaridade de cada mulher, para que nenhuma de nós seja deixada de fora dessa causa”, afirma.

Nova edição

O programa segue um modelo no estilo do G20, mas somente com jovens mulheres. As selecionadas para o evento de liderança para mulheres participam como delegadas e contribuem debatendo e pensando políticas econômicas, sociais relacionadas a questões que meninas e mulheres enfrentam em seus países de origem.

Em novembro, as inscrições devem ser abertas para a 10ª edição do programa. Assim como Fernanda, os candidatos inscritos são procurados e selecionados com base nas respostas a perguntas sobre liderança, habilidades analíticas e capacidade de criar soluções inovadoras para os desafios econômicos que o mundo enfrenta. As aplicações são divididas em grupos de acordo com o país e avaliadas pela comissão de entrevista.

Comunicado aos líderes globais 
O documento elaborado pelas 20 garotas para os líderes do G20 traz cinco pontos principais. São eles:

1. Acesso seguro à participação inclusiva nos espaços digitais
2. Acesso à educação e carreira para mulheres e meninas
3. Suporte financeiro e alfabetização
4. Implementar fortes mecanismos legais para prevenir e eliminar a violência de gênero
5. Avançar o acesso à educação de qualidade nas comunidades rurais
Confira, na íntegra, o documento: www.bit.ly/comunicadoaoslideresglobais

Fonte: CB