Sete parlamentares informaram ocupação de 'deputado', e foram reeleitos. Dados constam no registro da campanha junto ao tribunal eleitoral.

Por Letícia Carvalho, G1 DF
Médico, professor, assistente social, servidores públicos e até astrônomo. Essas são algumas das profissões declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelos deputados distritais que assumiram os cargos na Câmara Legislativa (CLDF) em 1º de janeiro deste ano.

Dos 24 parlamentares eleitos, sete informaram a ocupação de "deputado" – todos esses políticos conseguiram a reeleição. Um outro distrital que também renovou o mandato na Casa, Rafael Prudente (MDB), optou, no entanto, por se classificar como administrador.

Além desses ofícios, constam quatro servidores públicos, dois professores, dois empresários, uma médica, um assistente social, um policial militar, um militar reformado, uma astrônoma, um bombeiro e um aposentado. Houve ainda um outro deputado que assinalou sua ocupação como "outros"

Agaciel Maia (PR) – deputado
Arlete Sampaio (PT) – médica
Chico Vigilante (PT) – deputado
Cláudio Abrantes (PDT) – deputado
Daniel Donizet (PRP) – professor de ensino médio
Delmasso (PRB) – deputado
Eduardo Pedrosa (PTC) – empresário
Fábio Félix (PSOL) – assistente social
Hermeto (PHS) – policial militar
Iolando (PSC) – militar reformado
Jaqueline Silva (PTB) – astrônoma
João Cardoso (Avante) – servidor público
Jorge Vianna (Podemos) – servidor público
José Gomes (PSB) – empresário
Júlia Lucy (Novo) – servidora pública federal
Leandro Grass (Rede) – professor de ensino superior
Martins Machado (PRB) – outros
Professor Reginaldo Veras (PDT) – deputado
Rafael Prudente (MDB) – administrador
Reginaldo Sardinha (Avante) – servidor público estadual
Robério Negreiros (PSD) – deputado
Roosevelt Vilela (PSB) – bombeiro militar
Telma Rufino (Pros) – deputada
Valdelino Barcelos – aposentado

Estatísticas desenvolvidas pelo TSE apontam que, em 2018, em todo o país, as ocupações mais frequentes dos candidatos foram: "outros", empresário, advogado, deputado, comerciante, vereador e aposentado.

Astrônoma?

Embora tenha se declarado no cadastro do TSE como "astrônoma", a deputada Jaqueline Silva (PTB) afirmou que, na verdade, é empresária. Segundo ela, um erro de digitação causou a confusão.
Jaqueline Silva exibe diploma que recebeu da Justiça Eleitoral — Foto: Divulgação
"Na verdade, existe um erro, e o TSE não corrigiu."

Segundo o TSE, os candidatos são responsáveis pelos dados repassados ao tribunal. À reportagem, o órgão apontou que os deputados, ao indicarem suas informações no sistema do TSE, tinham que digitá-las letra a letra – a plataforma não autocompletava os dados.

Trabalho

Desde 1º de janeiro, os distritais precisaram "abandonar" temporariamente seus antigos ofícios para assumirem as obrigações do Legislativo do DF.

Na última quinta-feira (24), todos os parlamentares foram convocados durante o recesso legislativo para uma sessão extraordinária, já com um desafio: apreciar o polêmico projeto que expandiu o modelo do Instituto Hospital de Base a outras unidades da rede pública.

E o primeiro ano da legislatura ainda promete ser mais movimentado, com as discussões do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) e do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub), que colocam interesses diferentes em disputa.

Perfil

Ainda que os deputados tenham indicado informações generalistas ao TSE, muitos carregam em seus currículos atuações em rádios, igrejas e até na tradicional Via Sacra de Planaltina. Confira abaixo, em ordem dos votos recebidos, o perfil dos distritais:

Martins Machado (PRB)
Logo na primeira eleição, o radialista e mediador social de 52 anos foi o candidato a distrital mais lembrado, com 29.457 votos. Ele é ligado à Igreja Universal e prometeu agir "em defesa da família".

Delegado Fernando Fernandes (Pros)
O delegado da Polícia Civil tem 49 anos. Segundo deputado mais bem votado em 2018, com 29.420 votos, esta foi a segunda vez que Fernandes tentou uma vaga na Câmara Legislativa. Em 2014, ele ficou de suplente.

Professor Reginaldo Veras (PDT)
O professor de geografia da Secretaria de Educação do DF tem 45 anos e é natural do Ceará. Esta é segunda vez seguida que ele é eleito deputado distrital. Em 2018, recebeu 27.998 votos.

Rafael Prudente (MDB)
O administrador de 35 anos, filho do ex-deputado Leonardo Prudente, recebeu 26.373 votos. Ele foi reeleito. Em 2014, logo na primeira vez em que enfrentou as urnas, ele ganhou vaga na CLDF.

Delmasso (PRB)
Gestor público e pastor de igreja, Delmasso tem 38 anos. Esta foi a terceira eleição do paranaense. Em 2010, na primeira tentativa, ficou como suplente. Foi eleito em 2014 e, em 2018, levou 23.227 votos.

Chico Vigilante (PT)
O vigilante de 64 anos nasceu no Maranhão. Esta é a terceira vez seguida que ele ganha um assento na CLDF, agora com 20.975 votos. Na década de 1990, o petista foi duas vezes eleito deputado federal.

Robério Negreiros (PSD)
O empresário de 40 anos nasceu em Brasília. Esta é a segunda vez que ele ocupa uma vaga na CLDF, agora com 18.819 votos. Em 2017, foi condenado em primeira instância por improbidade administrativa.

Agaciel Maia (PR)
O economista tem 60 anos e é natural da Paraíba. Esta será a terceira vez que ele ocupa uma vaga na Câmara Legislativa do DF. Antes disso, foi diretor-geral do Senado. Em 2018, recebeu 17.715 votos.

José Gomes (PSB)
O empresário de 36 anos, nascido em Brasília, participou de sua primeira disputa eleitoral e foi o distrital mais bem votado do partido do governado Rodrigo Rollemberg. Ganhou 16.537 votos.

Arlete Sampaio (PT)
A médica baiana, aos 68 anos, recebeu 15.537 votos e começará seu segundo mandato na Câmara Legislativa – ela foi distrital de 2011 a 2014. Em 2006, foi candidata ao GDF, mas não conseguiu se eleger.

Cláudio Abrantes (PDT)
Famoso por interpretar o papel de Jesus Cristo na Via Sacra de Planaltina, o servidor público de 50 anos concorre à CLDF desde 2006. Esta é a segunda vez que ele é eleito, agora com 14.238 votos.

Jorge Vianna (Podemos)
O servidor público tem 42 anos e é natural do Maranhão. Em 2010, Vianna tentou uma vaga, mas ficou como suplente. Em 2014, não conseguiu se eleger. Desta vez, recebeu 13.070 votos.

Jaqueline Silva (PTB)
A candidatura dela só foi autorizada em dezembro, um dia antes da diplomação. Ela recebeu mais de 13 mil votos, estava impedida de assumir o cargo por não conseguir comprovar filiação partidária, mas o TSE decidiu liberar o registro da candidatura.

Iolando (PSC)
O militar reformado de 49 anos foi eleito pela primeira vez como deputado distrital após quatro tentativas. Ele ganhou 13.000 votos com duas bandeiras: defesa da família e da pessoa com deficiência.

Eduardo Pedrosa (PTC)
O empresário de 29 anos é sobrinho da candidata derrotada ao Palácio do Buriti Eliana Pedrosa (Pros). Em 2014, ele não conseguiu se eleger como distrital; agora, recebeu 12.806 votos.

João Cardoso Professor-Auditor (Avante)
Servidor público de 52 anos, ele ficou como suplente em 2014, mas agora foi eleito com 12.654 votos. No governo de José Roberto Arruda, foi subsecretário do Sistema Socioeducativo.

Roosevelt Vilela (PSB)
O bombeiro de 44 anos, nascido em Goiânia, foi eleito na terceira tentativa – recebeu 12.257 votos. Em 2014, ficou como suplente, mas chegou a assumir o cargo. Foi administrador do Núcleo Bandeirante.

Hermeto (Podemos)
O policial militar de 53 anos chefiou a Administração Regional de Candangolândia nas gestões de José Roberto Arruda, Paulo Octávio, Wilson Lima e Agnelo Queiroz. É mais um estreante na CLDF.

Fábio Félix (PSOL)
Primeiro deputado distrital assumidamente gay na história da CLDF, o assistente social de 33 anos foi eleito na terceira tentativa. Recebeu 10.955 votos e se tornou o primeiro parlamentar do PSOL na capital.

Valdelino Barcelos (PP)
Presidente da Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos, o aposentado de 68 anos ganhou espaço na greve dos caminhoneiros. Depois de ficar como suplente em 2010 e 2014, foi eleito com 9.704 votos.

Daniel Donizet (Patriota)
O professor de 37 anos, nascido em Goiás, se elegeu com 9.128 votos. Ele ganhou a vaga pelo PRP, partido já incorporado pelo Patriota por não cumprir a cláusula de barreira.

Júlia Lucy (Novo)
A servidora pública mineira tornou-se, aos 33 anos e com 7.655 votos, a primeira deputada distrital do Novo no DF. Ela prometeu só utilizar serviços públicos durante o mandato na Câmara Legislativa.

Reginaldo Sardinha (Avante)
O policial civil, pós-graduado em direito penal e processo penal, ocupou a Administração Regional do Cruzeiro na gestão Rodrigo Rollemberg. Aos 43 anos, o goiano recebeu 6.738 votos. Em 2010, foi suplente.

Leandro Grass (Rede)
Com 6.578 votos, o professor de 33 anos foi eleito para a Câmara Legislativa logo na primeira tentativa. Ele disse que pretende acabar com a verba indenizatória da Casa.