Governo concluiu reformas em apenas 11 das 678 escolas, e 188 crianças ainda não têm onde estudar. Projeto piloto de ensino militar começa nesta segunda.

Por Mateus Rodrigues, G1 DF

Criança pinta desenho em escola pública do Distrito Federal — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília/Divulgação

Começa nesta segunda-feira (9) o ano letivo para os cerca de 460 mil alunos e os mais de 31 mil professores da rede pública do Distrito Federal. O início das aulas deve ser marcado por reformas, remanejamentos e pelo projeto piloto de "educação militar" (veja detalhes abaixo).

Das 678 escolas públicas em funcionamento no DF, a Secretaria de Educação elegeu 200 como prioritárias para receber reformas gerais. Dessas, no entanto, apenas 104 entraram em obras, e só 11 foram concluídas até a última sexta (8). Os trabalhos devem continuar, mesmo com as aulas em andamento.

Ao todo, cerca de R$ 20 milhões devem ser usados nessas reformas. O governo também autorizou R$ 48 milhões do PDAF – uma verba entregue aos diretores para fazer pequenos reparos e comprar insumos básicos. Para a parcela pendente de 2018, no entanto, ainda não há solução no radar.

Além das 678 escolas, 17 Centros Interescolares de Línguas (CILs) e 112 instituições conveniadas (creches e colégios) também voltam às aulas nesta semana.

Faltou vaga

Crianças da educação infantil em sala de escola pública no Distrito Federal — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília/Divulgação

A demanda por vagas na rede pública em 2019 pegou a Secretaria de Educação de surpresa. O governo chegou a abrir 11,7 mil vagas remanescentes para novas matrículas mas, no fim, teve de lidar com quase 20 mil novos alunos.

Segundo a pasta, o ano letivo terá de ser adiado para 188 crianças com idades entre 4 e 5 anos do Paranoá. Faltaram vagas nas creches públicas e conveniadas, e um novo contrato terá de ser firmado ainda neste mês para abrigá-las. A previsão é de que as aulas só comecem no fim do mês.

Outras 980 crianças que estudam no Centro de Ensino Fundamental 5 (CEF 5) do Paranoá terão de começar o ano em instalações precárias. A Secretaria de Educação chegou a cogitar o adiamento dessas aulas, mas manteve o calendário no colégio após "descartar o risco" aos alunos.

Neste caso, segundo a pasta, o prédio alugado atual do CEF 5 não está em condições de uso em razão das infiltrações da chuva. Mesmo assim, vai abrigar as aulas pelo menos até o início de março, quando um novo prédio deve ser alugado perto da Diretoria Regional de Ensino do Paranoá.

Educação militar


Pais de alunos exibem faixas pedindo por escola militar no DF — Foto: Reprodução/TV Globo

A partir desta segunda, 4 das 678 escolas do DF adotarão um ensino "militarizado". Com a medida, policiais militares devem passar a atuar na gestão do Centro Educacional (CED) 1 da Estrutural, no CED 3 de Sobradinho e no CED 308 do Recanto das Emas.

Segundo o governo, a ideia é reproduzir o mesmo formato das escolas militares em relação à exigência da disciplina e ao cumprimento de horários.

Cada uma das escolas receberá de 20 a 25 militares (policiais ou bombeiros) que deverão integrar o quadro de servidores. O acordo prevê, ainda, que policiais que participem do projeto sejam aqueles que estão com restrição médica e na reserva.

Além disso, estudantes terão que usar uma farda, vão ter aulas de musicalização e educação moral e cívica com os militares.

A iniciativa estabelece que, com um aplicativo de celular, os pais possam ter acesso ao que os alunos fizeram durante o período de aulas. Além do monitoramento, também estão previstas as seguintes medidas:

Estudantes deverão usar um uniforme diferente, que será distribuído de forma gratuita.
Meninos terão que usar cabelo curto; meninas, coque;
Cada escola vai receber de 20 a 25 militares – PMs ou bombeiros que estão na reserva ou sob restrição médica.
A gestão vai ser compartilhada: professores, diretores e orientadores vão continuar cuidando da parte pedagógica. Os militares, das atividades burocráticas e da segurança, como controle de entrada e saída, horários e filas;
Os policiais vão dar aulas, no contraturno, de musicalização, ética e cidadania.