Plenário criticou orientação para veicular slogan do governo federal

A carta do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, incentivando os diretores a lerem, nas escolas, mensagem com o slogan da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República, além de filmarem os alunos cantando o hino nacional, foi criticada por deputados distritais de vários partidos. O primeiro a tratar do tema na sessão ordinária da Câmara Legislativa, nesta terça-feira (26), foi o deputado Reginaldo Veras (PDT).

"Não bastasse demonstrar ingratidão com o povo brasileiro que o acolheu, chamando-o de canibal e ladrão, ele mostrou, com a carta, ser completamente desqualificado para o cargo de ministro de Estado e, ainda mais grave, da Educação", afirmou o parlamentar, referindo ao fato de que Vélez Rodríguez nasceu na Colômbia e foi naturalizado.

Para ele, faltou assessoria jurídica ao ministro, que "tenta transferir aos brasileiros a sua fragilidade de caráter". Como contraponto, o distrital sugeriu aos integrantes da comunidade escolar que "filmem os contracheques dos professores, com os salários ínfimos; filmem as condições físicas precárias das escolas; a falta de merenda, que em vários locais ainda é roubada; a falta de segurança no perímetro das escolas, e a falta de livros didáticos".

Falando em nome da Minoria, Fábio Felix (PSol) classificou a carta de "vergonhosa" e a atuação do ministro, "uma presepada". Na avaliação dele, a atitude não é um equívoco nem um erro, "mas parte da política desse governo". De acordo com Felix, apesar do discurso a favor da escola sem partido, "o ministro defende a escola com o partido deles, com a ideologia deles. Não querem, enfim, uma escola com democracia e diversidade".

Desafios – Já o deputado Leandro Grass (Rede) observou que "ninguém discorda da importância de cantar o hino nacional no ambiente escolar, mas difundir o slogan de campanha é uma forma de exercer doutrinação política, atitude contrária à escola sem partido, que eles pregam". O parlamentar lamentou que se tenha de desperdiçar tempo com um assunto como esse: "Contudo, se não mostrarmos a bobagem que é, vão continuar sem trazer para o centro do debate os grandes desafios da educação pública".

Chico Vigilante (PT) lembrou que já havia chamado atenção para as declarações do ministro da Educação quando este "chamou os brasileiros de ladrões". "Com todo respeito aos imigrantes, esse senhor chega da Colômbia, é recebido de braços abertos, nomeado ministro e vem esculachar com a gente", condenou. Na visão do deputado, o ministro, naquela ocasião, "foi apoiado e, agora, para agradar o chefe, desrespeita a Constituição, fazendo promoção do presidente".

A deputada Alerte Sampaio (PT) também se referiu ao ministro da Educação, mas tratou, principalmente, da pasta do Meio Ambiente. "O ministro Ricardo Salles anunciou que vai extinguir a superintendência do Ibama no Distrito Federal, sem levar em conta a importância do órgão para a preservação do bioma Cerrado e para uma região que é maior do que muitos estados brasileiros, incluindo os municípios da RIDE". Na opinião da parlamentar, o governo contém "uma constelação de ministros ineptos".

Outros assuntos – O líder do governo, deputado Claudio Abrantes (PDT), anunciou que os deputados distritais eleitos que não integravam a legislação anterior farão jus a emendas orçamentárias no valor de até R$ 11 milhões. Segundo ele, já há um acordo com a Secretaria de Fazenda que fará a liberação dos recursos à medida que os projetos forem aprovados. Também é parte do trato a redução do valor destinado aos parlamentares que deixaram a CLDF. Estes terão até R$ 8 milhões em emendas executadas.

O deputado Hermeto, recém-filiado ao MDB, subiu à tribuna para declarar que não traiu nenhum partido, em resposta às críticas que recebeu ao deixar a agremiação partidária pela qual foi eleito. "O PHS deixou de existir devido à cláusula de barreira. Por isso, ingressei no MDB, uma legenda com a qual me identifico", justificou, agradecendo ao partido anterior.

Marco Túlio Alencar
Fotos: Silvio Abdon/CLDF
Comunicação Social - Câmara Legislativa