Policiais envolvidos na investigação: buscas começaram depois de a mãe registrar boletim de ocorrência, em 2003 (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Bebê foi tirado da mulher em frente ao Hospital Regional do Gama, em 1981. Ela nunca desistiu de encontrar o filho e conseguiu com ajuda da PCDF. Agora, foi identificado graças a um exame de DNA

Após 38 anos, uma moradora do Distrito Federal finalmente descobriu o paradeiro do filho roubado na porta do Hospital Regional do Gama, há 38 anos. Agora, graças a um exame de DNA, foi descoberto o paradeiro da criança, hoje um homem feito que vive em João Pessoa. Detalhes sobre a investigação e a situação de mãe e filho estão sendo dados pela Polícia Civil do Distrito Federal na manhã desta quinta-feira (25/4).

O ano era 1981, e Sueli Gomes da Silva tinha apenas 16 anos quando confiou em uma funcionária do abrigo onde vivia desde os 9 anos e deixou que a mulher segurasse a criança, pois precisava fazer uma ligação. Quando a então adolescente voltou do orelhão em frente ao hospital, o filho, Luiz Miguel, já não estava mais com a mulher.Sueli Gomes da Silva, mãe do filho que foi roubado na porta do Hospital do Gama no DF. Foto: Reprodução

À polícia, Sueli conta que, ao indagar a mulher sobre o que tinha acontecido com a criança, ouviu a ordem de ficar calada e se esquecer do menino. Ela tentou encontrar o filho durante muito tempo, mas não descobria nenhuma pista. Em 2013, decidiu registrar um boletim de ocorrência do desaparecimento. Segundo a Polícia Civil, naquele mesmo ano foi iniciada uma investigação para descobrir onde estava Luís e quem eram os responsáveis pelo crime, solucionado agora.

Filho levado

Quando saiu da maternidade, disse que teria sido recebida pelo casal com o qual morava e uma mulher que tinha um lenço amarrado na cabeça. Pediram que ela fosse ao orelhão ligar para a dona do orfanato. A conversa não foi nada amistosa: “Ela disse que eu devia entregar meu filho para adoção, já que não tinha condições de criá-lo. Caso contrário, ia mandar os meus irmãos para um abrigo de menores infratores”.

“Implorei, supliquei, mas ela não me deixava falar, bateu o telefone e, quando voltei em direção ao carro, em prantos, meu filho já não estava lá. A mulher que usava lenço no cabelo também desapareceu”, lembrou.

Fragilizada, ela permaneceu trabalhando e morando no mesmo local, ainda sob influência da dona do orfanato, por mais de 20 anos. Nesse período, Sueli casou, teve outro filho, perdeu a filha mais velha após um choque anafilático e só conseguiu independência financeira em 2004, quando foi aprovada em um concurso público no Governo do DF.

Revelação

Apenas em 2012, entretanto, ela se sentiu livre para procurar o filho. Naquele ano, a dona do orfanato morreu. Antes, muito debilitada, teria feito uma revelação a uma das irmãs de Sueli: o médico que fez o pré-natal de Luís Miguel poderia saber do paradeiro do bebê desaparecido. Na época, ela até conseguiu localizar o profissional. Questionado sobre o caso, porém, ele negou qualquer participação no sumiço do menor.

Casos semelhantes 

Não é a primeira vez que um caso como esse acontece no DF. Em 2017, a cidade reviveu o drama de do sequestro de um recém-nascido dentro de um hospital. Um recém-nascido foi sequestrado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A história é semelhante à de Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho, levado da maternidade de um hospital particular em 1986.

Agenda Capital - Com informações do Metrópoles e CB