Distritais destacaram que reação teria sido diferente, caso confusão tivesse ocorrido em escola particular.

Dois assuntos ligados à Educação repercutiram na sessão ordinária da Câmara Legislativa do Distrito Federal desta terça-feira (30), o anúncio de cortes no orçamento da UnB e o incidente ocorrido em escola com gestão compartilhada com PM, na semana passada. Os temas foram abordados por vários deputados distritais ao longo do período de pronunciamentos da sessão.

O deputado Leandro Grass (Rede) convidou os colegas a refletirem sobre o episódio ocorrido no Centro Educacional CED 7 da Ceilândia, quando policiais militares separam uma briga de alunos e houve denúncias de suposto abuso na ação. Grass disse que não culpava a polícia pelo episódio, mas ponderou que se um caso parecido acontecesse em uma escola particular, a avaliação seria outra.

Segundo ele, se houvesse excesso na separação de uma briga entre alunos na rede particular, a reação da família e da sociedade seria completamente diferente. "Me parece claro que a reclamação seria de que este não é um comportamento normal de um adulto diante de uma situação dessas. Mas como o caso aconteceu numa escola pública tem gente que acha que isto está correto. Apartar sim, mas reagir com violência está completamente errado. Não é normal agir assim numa escola", completou.

Já a deputada Julia Lucy (Novo) ponderou que brigas de alunos nas escolas não podem ser consideradas normais e não podem ser toleradas. Para ela, se fosse em uma escola particular, os envolvidos seriam expulsos. A distrital defendeu a ação dos policiais no caso e assinalou que episódios de violência não podem ser considerados normais.

Para o deputado Hermeto (MDB), a atuação dos PMs no incidente foi correta. Segundo ele, os policiais envolvidos agiram de acordo com a situação e não cometeram excessos. O deputado também lamentou mais uma tragédia numa escola, referindo-se ao caso ocorrido na tarde de hoje em Valparaizo (GO), quando um aluno matou um professor.

UnB – Vários distritais saíram em defesa da UnB, depois que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou um corte de 30% nas verbas da Universidade de Brasília, Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal da Bahia. O deputado Fábio Felix (PSOL) defendeu as universidades como espaços qualificados de conhecimento e pesquisa. E destacou que a UnB figura entre as oito melhores do País. Felix defendeu a formação de uma frente em defesa da UnB, suprapartidária. Ele propôs a redação de uma carta ou moção defendendo a autonomia da universidade, que seria assinado por todos os deputados distritais, deputados federais e senadores. Segundo ele, o corte pode ter sido motivado por um evento realizado por alunos que contou com a participação do ex-candidato do PSOL à presidência, Guilherme Boulos.

O deputado Prof. Reginaldo Veras (PDT) disse que sempre fez críticas veladas ao ex-ministro da Educação, Ricardo Velez, mas se surpreendeu com a atuação do atual ministro, "o que estava ruim ficou ainda pior". Para ele, o atual ministro é "um energúmeno". O distrital condenou declarações recentes do ministro contra os cursos de filosofia e sociologia, que classificou como "insanidades" e concluiu que ele não tem capacidade para o cargo.

Por outro lado, a deputada Julia Lucy afirmou que na UnB "tem muita gente que tem condições de pagar pela universidade". Segundo ela, quem tem dinheiro deve pagar pela universidade. "Não dá mais para o pobre sustentar os ricos", argumentou. A deputada disse ainda que só concordaria em assinar uma carta se for para pedir explicações sobre o corte e informações sobre para onde o dinheiro estaria sendo remanejado. "Se for para a primeira infância, eu estou de acordo", finalizou.

Luís Cláudio Alves
Fotos: Silvio Abdon
Núcleo de Jornalismo (CCS/CLDF)