Intervenção foi feita na madrugada desta quinta-feira, quando se celebra o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Vereadora foi morta a tiros em 2018.

Por Marília Marques, G1 DF

Intervenção em placa da Ponte Costa e Silva; sinalização foi adesivada com nome de Marielle Franco — Foto: Movimento de Mulheres Olga Benario/Divulgação

A placa que indica o nome da Ponte Costa e Silva, em Brasília, passou por uma intervenção e, na madrugada desta quinta-feira (25), foi adesivada com o nome da vereadora Marielle Franco – morta a tiros no Rio de Janeiro em março do ano passado.

O ato foi organizado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário. O grupo fez uma publicação com fotos nas redes sociais mostrando a ação.

No texto, a direção do movimento cita a homenagem ao dia 25 de julho, em que é lembrado o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (veja abaixo).

Além da mudança no nome, um outro cartaz foi colado na parte de baixo da estrutura. Os dizeres citam o artigo 287 do Código Penal, que prevê prisão a quem fizer "apologia de fato criminoso ou de autor de crime".

Cartaz colado na placa de sinalização da Ponte Costa e Silva em Brasília — Foto: Movimento Olga Benário/Divulgação

Na internet, o grupo feminista citou a "falta de respostas sobre quem mandou matar Marielle":

"Mulher negra, lésbica, periférica e política eleita foi brutalmente assassinada e, há exatos 498 dias, o Brasil e o mundo inteiro ainda não têm respostas sobre quem mandou matá-la".

O G1 esteve no local pela manhã. Às 8h30, a intervenção já não constava na placa, que voltou a sinalizar o nome do militar. O acesso liga a Asa Sul ao Lago Sul.

A Administração do Lago Sul informou que não foi a responsável pela retirada do adesivo. Até a última atualização, o GDF não tinha se manifestado sobre o caso.

Em março, o mesmo grupo também usou adesivos para rebatizar a ponte. Na época, o marco era um ano do assassinato da vereadora.

Placa de sinalização da ponte que liga o Lago Sul à Asa Sul; foto feita às 8h30 desta quinta-feira (25) — Foto: Marília Marques/G1

Costa e Silva ou ... ?

A ponte, que carrega o nome do segundo marechal do regime militar, passou por outras tentativas de mudança de nome. No ano passado, a placa foi pichada com o nome de Honestino Guimarães – líder estudantil da Universidade de Brasília (UnB) torturado e morto durante a ditadura.

A ponte foi inaugurada em 1976. Projetada por Oscar Niemeyer com o nome de "Ponte Monumental", ela foi rebatizada pelo ex-presidente militar Ernesto Geisel para homenagear o antecessor, Costa e Silva.

O militar foi o segundo presidente brasileiro no período da ditadura. A ponte voltou a homenageá-lo em novembro de 2018, depois de uma decisão do Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

25 de julho

Comemorado em 25 de julho, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha nasceu em 1992, com a realização do primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingos, na República Dominicana.

Do encontro, surgiu uma rede de mulheres que, até hoje, promove e discute formas de combate ao racismo e ao machismo. Também naquele mesmo ano, o Dia Internacional foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

No Brasil, a data é celebrada desde 2014, por meio da Lei n° 12.987, que dispõe sobre a criação do Dia Nacional de Tereza de Benguela, em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra e Caribenha.