No dia do enterro de Letícia Curado, Deputados distritais lamentaram a morte da advogada e cobraram políticas públicas em relação a violência atual em sessão ordinária

Marcus Pereira
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O assassinato de Letícia Curado teve grande repercussão na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Na sessão ordinária desta terça-feira (27/08), deputados distritais lamentaram a morte da advogada e cobraram políticas públicas em relação ao feminicídio na tribuna.

O deputado Fábio Felix (Psol) foi o primeiro a abordar o caso ao lamentar que o desfecho de Letícia tenha entrado para a estatística dos feminicídios no DF. Destacou ainda a morte da outra vítima, Geni Pereira.

“O problema é estrutural, uma epidemia de feminicídio, fruto de uma cultura machista e da “objetificação” da mulher. A situação é gravíssima e precisa ser assumida pelo GDF e pela CLDF como pauta e agenda prioritárias”, analisou, acrescentando que Brasília é a quinta cidade do mundo em número de casos de feminicídio.

Felix enalteceu dois projetos prioritários do seu mandato. O primeiro estabelece o ensino da Lei Maria da Penha nas escolas. Apesar de ter sido aprovado pela Câmara, o projeto foi vetado pelo governador. No entanto, o veto foi derrubado na semana passada.

Já a outra proposta trata da prevenção ao assédio no transporte público e teve o artigo que trata da colocação de placas com orientação sobre como denunciar o assédio vetado. Felix pediu a derrubada do veto. “Precisamos dar respostas concretas na legislação e com políticas públicas”, completou, informando que vai apresentar hoje uma moção de pesar aos familiares de Letícia Sousa.
Mais manifestações

O deputado Leandro Grass (Rede) também manifestou pesar sobre o feminicídio e classificou a situação que estamos vivendo como “deprimente”. O parlamentar lembrou que, em março, a Câmara aprovou dezenas de projetos importantes relacionados com as mulheres. Grass disse que ficou chocado diante de mais um assassinato de mulher e leu o nome de todas as vítimas de feminicídio neste ano.

“Temos que lembrar que as vidas das mulheres importam e para isso precisamos trabalhar muito em políticas de prevenção à violência, legislações que responsabilizem qualquer tipo de violência contra a mulher”, disse.

Já o deputado Cláudio Abrantes (PDT) lembrou que Letícia Souza era moradora de sua cidade, Planaltina, e classificou o crime como bárbaro. Para ele, o caso merece a reflexão de todos os cidadãos sobre a sociedade que vivemos atualmente.

Ele lamentou a morte de Letícia e disse que o governador também está chocado com o caso. Abrantes criticou o uso político do crime e adiantou que apresentará moção de pesar. O distrital também registrou a qualidade do trabalho da Polícia Civil e afirmou que a corporação não deixa nada a desejar a nenhuma polícia do mundo.

O deputado Roosevelt Vilela (PSB) lamentou a tragédia que “comoveu todo o DF” e disse que Letícia Sousa era sua minha prima de segundo grau. “A família está extremamente abalada. Uma jovem cheia de energia, com um futuro brilhante e um filho para criar”. Para Roosevelt, a sociedade se surpreende com barbáries desta natureza. Ele elogiou o trabalho da Polícia Civil no caso, que rapidamente prendeu este “meliante”. Por fim, defendeu a discussão sobre a violência contra a mulher.

A deputada Arlete Sampaio (PT), além de solidarizar-se com a família da vítima, fez uma reflexão: “Estamos diante de um homem que, como tantos outros, pensam que mulher é um objeto sexual que pode ser usado mesmo contra a vontade dela. Por isso, violenta e mata”. Ela elogiou o trabalho da Polícia Civil que chegou a “um verdadeiro monstro”. Também considerou inadmissível que, a cada 10 minuto, uma mulher seja vítima de estupro no País, segundo as estatísticas. “Por isso, não podemos aceitar que o machismo presidencial contribua para agravar ainda mais essa situação”, completou.

Procuradora da Mulher da Câmara Legislativa, a deputada Júlia Lucy (Novo) declarou que, “como mulher e mãe, fui morta também”, ao referir-se ao que denominou de “notícia horrível”. Em meio a condolências aos parentes de Letícia Sousa Curado Melo, ela tratou da importância de ações de prevenção da violência contra a mulher e avaliou a importância de se discutir o assunto nas escolas, com base na Lei Maria da Penha. “Temos de difundir valores. É necessário insistir que não é não”, observou. A parlamentar também defendeu os prestadores de transporte alternativo. “A culpa não é da Letícia e nem do transporte pirata”, afirmou, destacando que, ela própria, já viajou de carona inúmeras vezes.

Os deputados Hermeto (MDB) e Iolando (PSC) também se manifestaram a respeito do crime. O primeiro externou “indignação e tristeza com a morte dessa jovem” e o segundo lembrou do “desespero” dos parentes e amigos. “É uma situação muito triste. Espero que seja feita justiça, que o assassino seja responsabilizado criminalmente”, concluiu.

Com informações da CLDF