Geração de empregos e de melhores condições de trabalho para os comerciantes instalados na Rodoviária e críticas à "privatização" do terminal marcaram sessão.

A diversidade do Distrito Federal esteve representada, na tarde desta quarta-feira (11), na Rodoviária do Plano Piloto, onde foi realizada sessão ordinária itinerante do Legislativo do DF, como parte do projeto "Câmara Mais Perto de Você". Líderes comunitários, usuários do sistema de transporte urbano, comerciantes, rodoviários, moradores de variadas regiões puderam apresentar reivindicações e sugestões, além de dialogar com os deputados distritais. "É a Câmara Legislativa do Distrito Federal no coração de Brasília", afirmou o presidente da Casa, deputado Rafael Prudente (MDB).

Com a palavra franqueada, a população pôde falar à vontade sobre os mais diversos temas. Houve, por exemplo, pedidos de iniciativas para a geração de empregos e de melhores condições de trabalho para os comerciantes instalados na Rodoviária, com manifestações contrárias à "privatização" do terminal. Também foram solicitadas novas linhas de ônibus para atender áreas distantes do Plano Piloto, bem como melhorias nos equipamentos públicos do local: banheiros, elevadores e escadas rolantes. Usuários ainda reclamaram da falta de regularidade dos coletivos e da ausência de acessibilidade para pessoas com deficiências.

A sessão da CLDF foi acompanhada por secretários de diversas pastas do GDF e dirigentes de empresas públicas aos quais Prudente se dirigiu quando listou as solicitações apresentadas. "Encaminharemos os pedidos ao Executivo, especialmente ao administrador da Rodoviária", disse, garantindo que nenhuma reivindicação apresentada ficará sem resposta. Antes do término, inclusive, foi anunciado que, no máximo, em 60 dias todos os equipamentos disponíveis no terminal estarão em funcionamento. Hoje, funcionavam cinco das 12 escadas rolantes e dois dos seis elevadores.

Coração – Vários dos deputados distritais presentes ao "Câmara Mais Perto de Você" falaram durante a sessão itinerante. Arlete Sampaio (PT) declarou considerar a Rodoviária do Plano Piloto, "o coração pulsante do Distrito Federal", lembrando que mais de 600 mil pessoas transitam diariamente no local. Ela se posicionou a favor da permanência dos atuais comerciantes ocupando as lojas do terminal.

Jorge Vianna (Podemos) apontou alguns problemas: a falta de área de desembarque para quem se dirige à Rodoviária em automóveis; a ausência de um posto de saúde para atender os rodoviários; além da dificuldade de se obter informações. Enquanto o deputado Roosevelt Vilela (PSB) destacou a necessidade de "resgate" do local para que possa ser, de fato, um ponto turístico. "Falar neste local é falar com todo o Distrito Federal", comentou.

Leandro Grass (Rede) fez críticas a dificuldades da mobilidade urbana do DF como um todo. "Problemas do governo, de um modo geral, acabam refletindo-se na Rodoviária", assinalou. Para ele, o terminal não deve se transformar num shopping: "Precisa ser um espaço humanizado. Com lojas, mas, também, atividades artístico-culturais". Ainda chamou a atenção para a situação dos moradores de rua.

Por sua vez, a deputada Júlia Lucy (Novo) defendeu "novas propostas" para o local, salientando que o governo não irá resolver os problemas que se avolumam. "Não dá para continuar acreditando que o Estado vai solucionar tudo", reiterou. A parlamentar acredita que a solução virá da iniciativa privada. "A Rodoviária desde sempre sofre com as mesmas dificuldades e isso ocorre porque o que é para o pobre é sempre mal gerido", completou.

Privatização – Por outro lado, Chico Vigilante (PT) colocou-se firmemente contrário à privatização, chamando a atenção para o fato de que a edificação é tombada: "Não é possível fazer dela o que quiser". A saída, na avaliação dele, é o GDF "colocar alguém com capacidade para gerir o local. Privatizar é espantar os trabalhadores daqui".

O deputado Fabio Felix (PSol) discorreu sobre a necessidade de se combater a violência contra a mulher e o feminicídio. "Dentro dos ônibus ocorrem vários tipos de abusos. O assédio ocorre regularmente nos coletivos", assinalou. Já o deputado Eduardo Pedrosa (PTC) fez um apelo à Secretario de Mobilidade do DF para que dê mais atenção ao terminal.

Reginaldo Sardinha (Avante), que frequenta o local há muitos anos, observou que, "desde meu tempo de criança, a Rodoviária está em obras". Também rechaçou a privatização. "Se privatizar, 90% dos atuais comerciantes não ficam", avaliou, lembrando que há empresários instalados no terminal desde o final dos anos 1960.

Ao final da sessão ordinária da CLDF, durante a qual foi inaugurado o projeto WiFi Social, na Rodoviária, pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do DF, foram entregues moções de louvor, "pelos serviços prestados", a mais de uma centena de cidadãos, entre eles estavam vários funcionários da Sociedade Transportes Coletivos de Brasília (TCB).

Marco Túlio Alencar
Fotos: Figueiredo/CLDF
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa