Previsto anteriormente para esta segunda-feira (29), o início das aulas remotas foi adiado pelo governo para 13 de julho.

A Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou nesta quinta-feira (25) um debate sobre o retorno remoto das aulas na rede pública de ensino. A discussão abordou diversas variáveis a serem pensadas e planejadas para que todos os estudantes tenham seu direito à educação garantido.

O início das aulas remotas, previsto para esta segunda-feira (29), foi adiado pelo governo para 13 de julho. Segundo salientou o deputado Fábio Felix (Psol), não pode haver um processo de aceleração do retorno presencial, apesar de o DF estar vivendo uma 'flexibilização radical da quarentena por parte do governo Ibaneis, onde temos uma taxa de isolamento abaixo de 37%", ponderou o distrital.

A deputada Arlete Sampaio (PT), por sua vez, disse estar observando o GDF retomar, uma por uma, as atividades econômicas e também as escolares, através da educação online. A deputada acrescentou saber "a dificuldade que isso significa", sobretudo numa cidade que é a segunda mais desigual do país, onde cerca de 125 mil alunos não têm acesso a internet. "Essa é a maior barreira a ser ultrapassada para o ensino à distância", afirmou Arlete.

Já a professora adjunta da Faculdade de Educação da UnB Catarina de Almeida Santos destacou que a dificuldade é iniciar o ensino à distância de uma forma que contemple todos os estudantes. A professora enfatizou que o computador não é uma sala de aula: "Quando o sujeito não tem acesso à tecnologia, ele não tem acesso a um conjunto de outras condições, como infraestrutura mínima em casa, boa formação dos responsáveis para ajudá-los nas atividade entre outras coisas". 

Catarina acrescentou ainda que são várias variáveis a serem discutidas para que as aulas não voltem apenas para uma parcela da população, e para que não haja um processo de exclusão, sendo o alvo pessoas historicamente já excluídas.

Raquel Vieira, educadora popular da rede Emancipa - movimento que trabalha com cursos pré-vestibulares - comentou que "a educação não se faz apenas pelo conteúdo". A aprendizagem, segundo ela, se faz com discussão e debate para que haja uma "educação crítica". Raquel ressaltou também a necessidade de se analisar a situação psicológica dos estudantes, que, além de lidarem com a pandemia, podem estar passando fome pela falta da merenda escolar.

Retorno - A Secretaria de Educação pretende alcançar os estudantes com três frentes de ação: teleaulas na televisão aberta, plataformas digitais que permitam a interação com o professor e a impressão de materiais para contemplar estudantes que não tem acesso à tecnologia.

David da Silva, subsecretário de Inovação e Tecnologias Pedagógicas e de Gestão, disse que a Secretaria de Educação não acredita que o ensino mediado "seja melhor ou que vá substituir o presencial". Ele afirmou que, no atual cenário, não é possível visualizar uma data para a volta às aulas. David frisou ainda "ser crueldade fazer nada já que partimos do princípio que 125 mil estudantes já ficam sem seus direitos". O subsecretário disse que será necessário realizar um planejamento de dez anos para reparar os danos causados pela pandemia na educação e convidou os parlamentares presentes a participarem. 

"Olhando o cenário dos países que começaram a enfrentar a pandemia antes do Brasil, os estudos mostram que, quando uma rede pública oferece ensino mediado de média qualidade, os estudantes conseguem progredir em seus processos de ensino, já quando a qualidade é baixa, eles estagnam. Mas, quando se passa um longo período de tempo sem garantir alguma oferta educacional minimamente esquematizada, os estudantes retrocedem, desaprendem, esquecem" argumentou o subsecretário de Educação Básica, Tiago Cortinaz, ao enfatizar a importância das aulas remotas.

Karine Teles (estagiária)
Foto: Reprodução/TV Web CLDF
Núcleo de Jornalismo - Câmara Legislativa